As ciências humanas e sua incapacidade contemporânea de tornar indivíduos mais humanos.

Muito se debateu no ano de 2019 sobre as críticas realizadas aos cursos universitários e as pesquisas na área de humanas, criticas essas oriundas da extrema direita, bem como do atual governo que representa essa massa ideológica. Diante disso já inicio com uma dura afirmação, esse quem vós escreve, profissional da área de humanas, afirma de forma previa que parte da culpa disso tudo é dos próprios profissionais, pesquisadores, estudantes e pensadores das diversas áreas que englobam as ciências humanas.

Não me julgue se você é de humanas, também sou, e, portanto, me englobo nessa parcela de culpa, essa afirmação vem com um fundamento logico, ou alguns fundamentos lógicos, e reitero, eu disse parte da culpa e não totalidade da culpa.

Primeiramente devemos observar as pesquisas, documentários, estudos, pensamentos sociológicos e filosóficos produzidos dentro do campo das ciências humanas, e pensar da seguinte maneira, “Esse conteúdo produzido será consumido por quem?”, essa é uma pergunta muito importante e que deve ser feita e refeita, pois muitas vezes todo material produzido em pesquisas no campo das ciências humanas, passa a ser consumido somente por indivíduos pertencentes ao universo das ciências humanas, e isso é INÚTIL.

Vejamos a seguinte questão, disciplina de sociologia e filosofia no ensino médio, essas possuem objetivo de criar um pensamento crítico nos indivíduos em formação, desenvolver a capacidade de pensar e questionar, certo? Do que adianta possuirmos dezenas ou centenas de obras sociológicas e filosóficas, que são fantásticas, com centenas e as vezes milhares de páginas, e ao final não conseguirmos atingir esses adolescentes em formação e desenvolvimento?

Portanto acredito que passamos por um momento de transição, o que importa é o aprendizado e não a forma que você absorve o conteúdo, se queremos transformar a sociedade, construir um futuro com indivíduos que possuam capacidade crítica e de analise social, devemos deixar para trás os modelos perpetuados de ensino e de produção de conteúdo, e inovar, achar meios e pegar tudo aquilo que é taxado como chato e irritante pelos adolescentes e até mesmo adultos e transformar em algo atraente.

Desse modo acompanhando esse raciocínio, se faz importante observar que há muitos estudos, livros, documentários que tratam sobre proibição das drogas, sistema carcerário, pobreza entre outros problemas sociais, e cada dia surge mais conteúdo sobre esses temas, e como apontei no início, quem consome esse conteúdo? Na sua maioria são pessoas que já possuem a mesma linha de pensamento que é defendida naquele material produzido, portanto não adianta pensar, produzir, escrever e debater se o efeito disso tudo não atinge a forma de pensar das pessoas que discordam e refutam essa linha de pensamento defendida nesses materiais produzidos, e também não adianta ficarmos no campo das ideias, nada vale um debate brilhante que não é externalizado para a realidade e aplicado na comunidade em que se está inserido.

Finalizo essa reflexão, que destino a todos os indivíduos, -(mas infelizmente eu tenho certeza que a maioria dos leitores será de humanas ou simpatizantes)-, com uma reflexão; Seria essa estagnação no campo das humanas, bem como no modo de produzir conteúdo e de ensinar , um dos responsável, ou o responsável, por estimular o reposicionamento político e governamental de muitos países pelo mundo? Esses que substituíram governos de esquerda, aniquilaram direitos sociais, programas sociais, para eleger governos capitalistas e de extrema direita, ligados a políticas neoliberais! Seria, portanto, consequência do problema exposto nesse texto? Ou apenas lorota de maconheiro comunista?